Recomendações

«O ambiente econômico da América Latina não é para principiantes, só para profissionais»

Recomendações de ações para empresas

Formular políticas empresariais claras e rigorosas e integrar a gestão responsável empresarial nos processos do negócio. Para poder fazer negócios num ambiente complexo como o da América Latina, é preciso uma política empresarial clara e rigorosa. A direção da empresa deve deixar claro, de forma crível, que só aceita e apoia ações responsáveis, mesmo que possam representar desvantagens econômicas de curto prazo. Além disso, as empresas devem pensar e alinhar todos os processos de negócios referentes aos princípios da gestão responsável de empresas. Assim, podem seguir os exemplos de sucesso de empresas que reconheceram e usam a gestão responsável como caraterística diferenciadora e motor de inovação e produtividade.

Inserir a gestão responsável empresarial na cadeia de valor. Além de garantir a ação responsável nas atividades próprias da empresa, a companhia também deve assegurar que a gestão responsável empresarial seja vivida também em toda a cadeia de valor, incluindo os terceirizados. Para isso, as empresas devem aproveitar sua posição e sua respectiva esfera de influência e estabelecer um diálogo aberto e transparente com seus parceiros, para desenvolverem juntos uma gestão responsável empresarial como caraterística diferenciadora e motor de inovação e produtividade.

Cooperar de forma proativa na divulgação dos princípios da gestão responsável empresarial. Na América Latina, a gestão responsável empresarial ainda é relativamente pouco divulgada. Internacionalmente, as partes interessadas aumentam a pressão sobre as empresas para que se comportem de forma responsável na cadeia de valor e em nível mundial. Se alguns países tiverem leis fracas de proteção do meio ambiente e da sociedade ou se a fiscalização por parte das instituições estatais for insuficiente, podem-se produzir desvantagens competitivas para empresas procedentes de países com exigências mais rígidas. Para garantir condições competitivas uniformes, as empresas (multinacionais) devem promover ativamente na sua esfera de influência a divulgação dos princípios da gestão responsável empresarial. Isso também pode ser feito, por exemplo, no marco de abordagens do tipo ação coletiva.

Recomendações de ação para atores estatais

Transferir boas práticas de setor privado ao setor público. Nos últimos anos, muitas empresas privadas realizaram grandes esforços para prevenir as ações irresponsáveis, assumir os casos e, caso necessário, sancioná-las. Muitos instrumentos criados no setor privado para garantir a ação responsável nas organizações (código de conduta, ouvidorias, departamentos de queixas, etc.), podem ser adaptados ao setor público. Por exemplo, a tríade “prevenir, revelar e sancionar”, deveria ser mais implementada em instituições e empresas públicas.

Implementar o conceito dos pilares das Nações Unidas para outras áreas temáticas. Os princípios orientadores das Nações Unidas para empresas e direitos humanos estabelecem um marco referencial importante, transferível a outras áreas temáticas da gestão responsável empresarial. Por um lado, os princípios orientadores definem a obrigação dos Estados de proteger os direitos humanos também contra ameaças proferidas por atores do setor privado. Por outro lado, destacam a obrigação das empresas de respeitar os direitos humanos. Além disso, instalam o direito de indenização em caso de violações dos direitos humanos sofridas por atores do setor privado.

Criar incentivos para a implementação da gestão responsável empresarial. Em primeiro lugar, os responsáveis pela gestão responsável empresarial são as companhias. Especialmente quando as empresas, além das disposições legais existentes e em forma voluntária, defendem interesses sociais e/ou ambientais. A tarefa das instituições estatais é dispor de instrumentos de controle e sanção eficazes para poder detectar e punir comportamentos ilegais. Além disso, o estado deve criar incentivos positivos para fomentar a ação voluntária dos atores do setor privado. Isso pode ocorrer, por exemplo, no marco da legislação tributária ou da prática de obtenção de contratos públicos.

Recomendações de ações para a sociedade civil

Plataformas para a sensibilização e a transferência de conhecimentos e tecnologias. Devido à formação (profissional) com frequência insuficiente, na América Latina muitos conceitos e instrumentos da gestão responsável empresarial são pouco conhecidos. Isso ocorre ainda mais nas regiões periféricas e rurais. Para modificar isso, devem-se criar e aperfeiçoar plataformas para a transferência de conhecimentos e tecnologias. Estas iniciativas deviam estar nas mãos de câmaras de comércio (binacionais), associações econômicas, universidades, fundações e think-tanks.

Acompanhar criticamente as atividades das empresas no marco de iniciativas das partes interessadas. Nas iniciativas das partes interessadas, cooperam organizações não-governamentais, sindicatos, instituições públicas e empresas. As empresas que participam das iniciativas das partes interessadas não são imunes contra violações das normas sociais ou do meio ambiente, mas, comparado com os não-membros, essas empresas dispõem de melhores instrumentos para expor e sancionar as violações. Além disso, a participação indica também um interesse genuíno da empresa de abordar e resolver os desafios existentes em forma aberta e transparente. Para isso é preciso o acompanhamento crítico da sociedade civil organizada.

Abordar o tema da gestão responsável na formação profissional. Para fomentar a consciência e a competência referente aos temas da gestão responsável empresarial na América Latina, deve se estimular ainda mais o debate sobre os princípios e valores éticos no processo de formação, começando com a educação precoce até a formação acadêmica.